A mesma constatação é feita pela pesquisa do professor Fernando Genz, doutor em Geologia e membro do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola Politécnica da Ufba (Universidade Federal da Bahia). Segundo o estudo, a temperatura na Região Metropolitana de Salvador vai aumentar entre 1,1ºC e 1,5ºC até 2040 (em relação à média registrada entre 1961/1990). No interior do estado, a elevação média será de 2ºC no mesmo período.
Entre 2041 e 2070, o aumento será de 2ºC a 3,5ºC. “Essas simulações levam em conta as emissões dos gases de efeito estufa e aerossóis e são baseadas nos cenários do relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima)”, explica o pesquisador. Nos estudos de Genz, as simulações de temperatura atuais são praticamente idênticas às medições reais. Portanto, o grau de acerto da pesquisa é grande.
No cenário mais otimista, a partir de 2070 haverá uma estabilização no uso dos combustíveis fósseis, o que contribuiria para a diminuição do efeito estufa e, consequentemente, do aquecimento global. “Mas não estamos vendo nada nesse sentido. Pelo contrário. As emissões atuais registradas estão acima das simulações mais pessimistas. A situação é grave porque há resistências dos países mais poluidores em aderir a acordos ambientais”, diz Genz, citando exemplos dos Estados Unidos e da China.
Impacto no litoral
Além do aumento da temperatura, outro problema provocado pela interferência negativa do homem sobre o meio ambiente é a redução das precipitações, ou seja, das chuvas. Embora não haja estudo científico profundo apontando as causas da seca que castigou a Bahia e o Nordeste em 2012, a mais dura dos últimos 47 anos, os pesquisadores acreditam que o fenômeno é resultado das mudanças climáticas.
Segundo dados do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), nos últimos dez anos houve uma redução média de 268 milímetros de chuva em Salvador. A pesquisa do professor Fernando Genz aponta para um cenário ainda pior. “Essa redução deve ser de 10% no litoral a 20% na região mais seca entre 2011 e 2040. Já entre 2040 a 2070, ela será de até 50% no semiárido e 40% em outras regiões do estado. Isso seria bastante grave”, alerta.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem trabalhos que demonstram que o Nordeste deve sofrer ainda mais com as próximas secas, graças ao aumento constante da temperatura, desertificação (quando o solo é transformado em deserto por ação humana ou processo natural), redução da quantidade de chuva e da umidade.
Prevenção
A pesquisa da engenheira ambiental Samara Fernanda da Silva sugere um controle maior dos recursos hídricos. Ela afirma que o plano municipal de saneamento básico de Salvador, em fase de elaboração pela Secretaria de Transportes e Infraestrutura (Setin) continua desconsiderando o fenômeno das mudanças climáticas.
O governo da Bahia também não tem planejamento voltado para os efeitos das mudanças climáticas na Bahia. Alguns estados brasileiros contam com apoio de instituições, como Embrapa, para desenvolver novas técnicas e equipamentos para enfrentar os desdobramentos do clima, inclusive na produção de alimentos.
Nos EUA, pesquisas revelam que ondas de calor e outros eventos climáticos não aconteceriam se não fosse o aquecimento global. Cada vez é maior a crença da comunidade científica de que o aquecimento é uma doença que precisa ser tratada com urgência. Ou então, já vimos o que pode acontecer nas telas de cinema...
Fonte: Correio24horas
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