O projeto de fusão da Saned (Companhia de Saneamento de Diadema) e a Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) deverá dar muito mais dor de cabeça ao prefeito de Diadema, Mário Reali (PT). Hoje, quando a peça será discutida na Câmara, funcionários da autarquia municipal pressionarão os vereadores a apresentar emendas.
A saída foi a encontrada pelo Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado) para conseguir ter voz ativa na discussão da propositura, classificada pela entidade como famigerada e ridícula. Desde o início do processo, em 2010, as lideranças sindicais não foram consultadas pela administração petista.
Diversas reivindicações foram listadas ontem em reunião da categoria. A principal delas é a garantia de que o quadro de funcionários seja mantido após a união. O projeto enviado pelo Executivo à Câmara versa apenas que a empresa proveniente da fusão, a CAD (Companhia de Água de Diadema), está autorizada a absorver os 328 servidores da Saned.
"Tem que ser afirmativo, de modo que o trabalhador não fique na subjetividade", salienta o diretor do Sintaema, Roberto Alves Silveira, o Gaúcho. "Exigimos a garantia de permanência e que o projeto seja aprovado de forma mais contemplativa", define.
O líder sindical externa que insistirá no diálogo com vereadores e o governo, mas que não está descartada a greve dos servidores da Saned. "Não vamos medir esforços para que os nossos pleitos sejam minimamente atendidos", adiantou, sem, porém, querer pegar carona na paralisação do funcionalismo público de Diadema, à qual a autarquia não aderiu. "Não queremos ser oportunistas."
Entre os pontos da propositura atacados pelo Sintaema estão dispostos "frouxos", que permitem a terceirização de serviços da CAD; a revogação da lei que criou a Saned, em 1993; a criação de um Comitê Gestor, que engessaria os trabalhos; e o fato de a nova empresa ser fiscalizada por ente estadual, a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo).
"Este projeto, do jeito que está, é uma armadilha. Manteve a essência de entregar a Saned de acordo com o que a Sabesp quer. É uma m..., subserviente ao Estado. Neoliberalismo total", esbravejou Gaúcho.
CULPA DO PREFEITO
O diretor do Sintaema atribuiu os pontos discordantes da matéria à falta de empenho de Reali. "O prefeito não tem disposição. Quer passar o rolo compressor em cima dos trabalhadores."
O chefe do Executivo esteve ontem em Brasília, onde tratou de assuntos referentes ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, entidade que preside. Na agenda do petista esteve o pedido de inserção da região no Plano Nacional de Banda Larga e tratativas sobre a estruturação do Polo Tecnológico regional. À noite esteve num circo armado em São Bernardo. Ele não retornou aos contatos realizados pela equipe do Diário para comentar as críticas do Sintaema.
Entidade exige a realização de audiências públicas
Além das alterações que o Sintaema tentará emplacar no projeto de fusão entre a Saned e a Sabesp, Gaúcho exige que o processo seja de conhecimento da população. Para tanto, cobrará do governo Mário Reali a realização de, pelo menos, cinco audiências públicas, uma em cada região de Diadema (Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro).
"O projeto fala em concessão de 30 anos. É muito tempo e vai impactar na vida das pessoas. A população tem de opinar sobre isso", defende o sindicalista. A participação popular é vista por ele como instrumento capaz de apontar as fragilidades da matéria, forçando as mudanças.
As chances de os encontros ocorrerem, contudo, são mínimas, tendo em vista que o projeto deu entrada na Câmara na semana passada e a administração petista não está disposta a alterá-lo.
O diretor do Sintaema também aponta que, por conta do imbróglio, a Saned já perdeu dez funcionários. "Os trabalhadores estão inseguros, sem saber o que está acontecendo", revela, ao acusar a direção da autarquia de não se mexer para repor as perdas. "É sinal que de que estão preparando o terreno para outras pessoas."
Fonte: Diário do Grande ABC
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