sexta-feira, 8 de abril de 2011

Falta de saneamento mata sete crianças por dia no Brasil

A falta de saneamento mata sete crianças por dia no Brasil. O dado alarmante foi anunciado pelo presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, no auditório no CREA – MS. O evento, que faz parte da programação da Semana da Água, foi promovido pela Águas Guariroba com o apoio do CREA – MS e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano.

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que visa coordenar uma ampla mobilização para que o país possa atingir a universalização do acesso à coleta e ao tratamento de esgoto. Hoje, segundo dados do Ministério das Cidades, menos de 44% da população está ligada a uma rede de coleta de esgoto e somente um terço do que é coletado é tratado. O país figura no “Ranking da Vergonha”, entre as nações com mais pessoas sem acesso a banheiro - 13 milhões de brasileiros.

Na palestra, que teve como tema “o desafio dos esgotos e a importância da participação da sociedade”, Édison Carlos falou sobre os impactos da falta de saneamento básico na saúde e os reflexos do problema na educação, trabalho, economia, turismo e desenvolvimento. “Pelos nossos estudos, são sete crianças que morrem por dia vítimas de doenças transmitidas pelo esgoto – são 2.100 crianças por ano. Só isso seria o suficiente para causar comoção, mas infelizmente não causa”, destaca Édison Carlos. Ele citou estudos que mostram que crianças acometidas freqüentemente por esses males perdem em 18% sua capacidade de aprendizado.

As doenças causadas pela falta de rede de esgoto afastam as crianças da escola e os adultos do trabalho. “Só no ano de 2009, 217 mil trabalhadores se afastaram para ir ao posto de saúde cuidar dessas doenças – dos filhos ou deles próprios. Foram R$ 240 milhões de horas pagas sem trabalho”, destaca. O Ministério das Cidades afirma que ainda precisam ser investidos R$ 270 bilhões para universalizar o saneamento básico no Brasil.

Campo Grande está acima da média

Campo Grande hoje conta com 63% de rede de esgoto disponível, índice superior à média nacional. De acordo com o presidente da Águas Guariroba, José João Fonseca, o serviço de esgoto teve um salto entre os anos de 2006 e 2008, através do Programa Sanear Morena - um investimento de cerca de R$ 200 milhões. Antes do programa, a rede estava disponível para apenas 29% da população. “O mais gratificante deste projeto é o resultado direto na saúde: conseguimos, de 2005 para 2009, reduzir em 34% o índice de doenças relacionadas à falta de saneamento, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde”, afirma Fonseca.

A Águas Guariroba dá continuidade a expansão da rede de esgoto com o Programa Sanear Morena 2, um investimento de R$ 42 milhões que vai elevar o índice de acesso a esgoto tratado para 70% da população até o final de 2012. “Outro dado importante é que 100% do esgoto que coletamos é tratado”, destaca.

Apesar dos investimentos, ao menos 17 mil imóveis que contam com rede de esgoto na cidade ainda não fizeram ligação. O promotor de justiça de meio ambiente, Alexandre Raslan, falou sobre a campanha realizada pelo Ministério Público em parceria com a Águas Guariroba para conscientizar a população sobre a importância adesão aos serviços de água e esgoto tratados. “Queremos reforçar na cidade o ideário de que o saneamento básico é um dos maiores meios transformadores da qualidade de vida e do meio ambiente”, salienta.

O Secretário Municipal de Meio Ambiente, Marcos Cristaldo, destacou o trabalho desenvolvido pela secretaria, que faz a fiscalização dos imóveis não conectados à rede de esgoto e aos que lançam seus resíduos diretamente nos córregos da capital, através do Programa Córrego Limpo. “Campo Grande hoje se coloca em um patamar importante no quesito saneamento básico e a mobilização social é algo muito importante quando se fala de meio ambiente e saúde”.

De acordo com o presidente do Trata Brasil, só a sociedade pode mudar o quadro atual. “A nossa percepção é de que, enquanto as pessoas não se conscientizarem da importância do saneamento e priorizarem isso na hora de voto, os investimentos necessários não vão se realizar numa velocidade suficiente para o país”.


Fonte: ABCON

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