segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Em 2015, Santa Catarina ainda terá 70% do esgoto sem tratamento

Apesar de ser considerado um dos Estados com melhor qualidade de vida do país, Santa Catarina não deve cumprir uma das principais Metas do Milênio, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud): reduzir pela metade o percentual da população não atendida por esgotamento sanitário entre 1990 e 2015. Pela projeção da Casan, que atende 198 dos 293 municípios catarinenses, 70 % do esgoto continuará sem tratamento daqui a quatro anos.
Em 1990, 9,5% da população tinha tratamento de esgoto. Segundo o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, para alcançar a meta, o esgoto sanitário deveria chegar a 54,5% dos catarinenses. Atualmente, 19% dos habitantes atendidos pela Casan têm suas casas ligadas à rede coletora. Para o representante da entidade, passar para 30% é pouco.

— Continuar a jogar 70% do esgoto na natureza é muito crítico. As obras de saneamento são caras e demoram para ser concluídas, mas é necessário ser uma prioridade de governo — ressalta.

Segundo Carlos, o país levou muito tempo para reconhecer a importância do tratamento de esgoto. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009 apontam que 99% da população têm acesso à rede elétrica, 89% à coleta de lixo, 84% ao abastecimento de água, e 84% à telefonia fixa. Porém, só 59% dos brasileiros têm saneamento de esgoto, isso contando a fossa séptica, que trata apenas metade dos resíduos.

— Somente em 2003, com a criação do Ministério das Cidades, é que o saneamento teve um endereço. Antes desse período, a União não investia e os prefeitos não se interessavam pelo assunto.
Para chegar a 30% de tratamento de esgoto aos clientes da Casan, serão investidos R$ 1,2 bilhão, com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Em 2010, foram investidos R$ 45 milhões em Criciúma, São José e Florianópolis.

Se a previsão de término das obras for cumprida, o número de cidades com esgoto sanitário vai passar de 16 para 29. É um grande salto em um intervalo de cinco anos, mas um índice ainda pequeno. Isso significa que 169 dos 198 municípios atendidos pela Casan continuarão a lançar o esgoto na natureza.

De acordo com o diretor técnico da Casan, Fábio Krieger, desde 1970, quando a companhia foi criada, a prioridade foi pelo abastecimento de água, que hoje atende 98,8% da população. Além disso, o investimento em tratamento de esgoto é mais elevado: custa R$ 2 mil por habitante, enquanto a ligação de água é a metade do valor.

— Se optou em primeiro investir em água, para evitar as doenças que afetam as pessoas pelo consumo da água não tratada.

No entanto, o presidente do Trata Brasil lembra que a falta de esgoto sanitário também é responsável por gerar doenças como cólera e diarreia. Ele salienta que uma pesquisa realizada pela entidade — em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, em 2008 — apontou que Santa Catarina está na 11ª posição no ranking do saneamento básico do país, pois somente 12% da população (de todo o Estado, incluindo onde o saneamento é municipalizado) tem acesso à rede de esgoto.

Fonte: Hora de Santa Catarina

Um comentário:

  1. Olha é muito preocupante esse assunto em santa Catarina... Tem uma instituição aqui em Florianópolis que vai lançar o curso de sanitária e ambiental... Agora no dia 16 de março... Eu vou fazer o curso...

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