O programa de tratamento de esgoto em Bauru não está somente atrasado, mas tem várias pontas de sua execução em aberto há meses. O Departamento de Água e Esgoto (DAE) não define a contratação de novo trecho de interceptor da Nuno de Assis, a construção do sistema de tratamento do Núcleo Gasparini está fora do prazo há mais de um ano e o prefeito Rodrigo Agostinho ainda não sabe como vai pagar a execução da estação (ETE) principal, no Distrito Industrial I, se por financiamento ou concessão.
Para o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), a entrega do projeto executivo da ETE do Distrito Industrial no início de novembro próximo vai dar luz à maior indefinição: em quanto tempo a obra tem de ser realizada, com qual tecnologia, quanto ela custa e como paga-la. “Até o dia 15 de novembro a empresa vai entregar o projeto executivo e eu pedi pessoalmente algumas modificações, como a avaliação de construção do módulo não com concreto e ferro, mas com manta, por exemplo. Isso pode deixar bem mais barato. Com o projeto executivo saberemos detalhes da obra, quanto ela vai custar realmente e ai vamos discutir com a Câmara o que é mais viável”, cita. O projeto executivo significa o detalhamento de engenharia e construção da maior etapa da obra. A ETE do Distrito, com capacidade para tratar o esgoto de população de até 500 mil habitantes em até quatro módulos, já chegou a ser orçada em até R$ 90 milhões. “Mas há muita especulação em torno dessa definição e o projeto executivo vai esclarecer isso. O cimento aumentou muito o custo no País nos últimos anos e o projeto agora é que vai ficar pronto”, conta.
O Executivo não descarta nada. A indefinição, de outro lado, indica a estratégia de apontar as opções para ver “o que mais agrada”. Mas como tudo passa pelo custo, o prefeito indica que não será surpresa optar por construir o primeiro módulo agora, ainda em seu governo. O problema do prefeito é convencer o bauruense a aumentar o endividamento municipal para um programa que, em 2005, já foi “vendido” com o aumento no custo da tarifa no DAE (o esgoto elevou o pagamento mensal em 40 pontos percentuais só para financiar o programa).
Da água ao esgoto
De outro lado, Agostinho encontra barreiras de gestão no DAE. A autarquia não conseguiu concluir nem a estação do Gasparini, de R$ 3 milhões.
A licitação foi refeita e, mesmo nesta gestão, as obras voltaram a atrasar. A presidência da autarquia, a cargo de Rafael Ribeiro (PR), também demora sem justificativa para abrir licitação de trecho de interceptor na Nuno de Assis. O processo já havia sido aberto e a “atualização da planilha” está há vários meses empacada com Ribeiro.
“Eu concordo que está demorando muito definir este lote da Nuno. Eu defendo que abra a licitação desse lote e da Água Comprida e o DAE faça o trecho de emissários do Jaraguá e do córrego Madureira (PVA). O DAE está com insegurança no levantamento do shield na Nuno (perfuração sem destruição)”, confirma o prefeito.
A “insegurança”, neste caso, significa valor. Há pressão nos bastidores contra a previsão inicial do contrato, lançado no início do ano por R$ 11 milhões.
Mas o departamento tem outros nós estruturais a superar. Há incompatibilidade entre a gestão de Rafael Ribeiro e seus comandados, falta de comando, distribuição dispersa de cargos entre “amigos”, cargos políticos, concessão de benefícios sem critério de meritocracia para operários pró-governo em detrimento a outros de carreira e ausência de planos operacional e de manutenção, sobretudo no setor de produção subterrânea, reservação e rede.
E a caneta está nas mãos de quem pode assinar um contrato de algo próximo de R$ 100 milhões, a maior contratação da história administrativa municipal das últimas décadas.
Fonte: Jornal da cidade de Bauru
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