Visando a proteção dos recursos hídricos ao redor do mundo, um grupo de pesquisadores fez um diagnóstico, em escalas locais e global, considerando em conjunto as perspectivas humanas e biodiversas sobre a segurança da oferta de água.
Utilizando um enquadramento espacial que quantifica múltiplos elementos de estresse, como poluição e densidade de barragens, e contabiliza os impactos a jusante (rio abaixo), pesquisadores de várias universidades concluíram que aproximadamente 80% da população mundial está exposta a altos níveis de insegurança no uso da água.
“Se você analisar as questões de segurança da água tanto da perspectiva humana quanto da biodiversidade, descobrirá que as ameaças são repartidas e pandêmicas. Mesmo os países ricos, que você esperaria que fossem bons administradores da água, têm algumas das áreas mais estressadas e ameaçadas”, comentou um dos principais autores da análise Charles Vörösmarty, engenheiro civil da Universidade de Nova Iorque, segundo a Nature.
A agricultura intensiva e cidades densamente povoadas foram identificadas como as causas dos maiores níveis de ameaça. Poucos rios, incluindo partes do Amazonas que passam por áreas de florestas densas, se mostraram saudáveis.
Vörösmarty estima que em 2015 seja necessário cerca de US$ 800 bilhões para cobrir os custos anuais em infra-estrutura hídrica.
Investimentos massivos em tecnologias para o tratamento da água permitem que os países ricos mitiguem altos níveis de estresse, entretanto sem remediar suas causas, alegam os cientistas. Em nações mais pobres a situação é ainda mais complicada, o que deixa as populações vulneráveis.
No quesito biodiversidade, a ausência destes investimentos na precaução também causa muita preocupação. Os habitats associados com 65% da descarga continental estão classificados como moderadamente ou altamente ameaçados.
Os cientistas enfatizam a necessidade de limitar as ameaças na sua fonte ao invés de gastar quantias enormes na remediação dos sintomas para garantir a segurança no fornecimento de água tanto para humanos quanto para a biodiversidade.
A melhoria na gestão dos recursos hídricos pode passar por soluções simples, que apenas exigem planejamento. Vörösmarty oferece como exemplo o caso das barragens, que ao invés da sua construção seria muito mais adequada a preservação de áreas de planícies alagáveis.
As análises, publicadas na revista científica Nature, foram feitas com base em dados documentados e quantificáveis, resultando em mapas que representam os efeitos cumulativos das diversas ameaças à humanidade e biodiversidade. Esta é ferramenta pode ser muito útil para a criação de políticas e respostas de manejo para situações críticas.
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