quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Brasil quer fazer Copa 'verde' em meio a problemas ambientais

País buscará construir estádios ambientalmente sustentáveis e preparar ações para alavancar reciclagem, coleta seletiva e produtos orgânicos. Realizar uma Copa do Mundo `verde` é uma promessa do Brasil, que busca construir estádios ambientalmente sustentáveis e prepara ações para alavancar a reciclagem, a coleta seletiva, os produtos orgânicos e os parques. Mas resolver entraves ambientais de anos parece ser uma missão difícil.

Ao mesmo tempo em que busca construir ou reformar estádios utilizando o reaproveitamento da água, o uso da energia solar, a reciclagem e a ventilação natural, o Brasil tenta superar problemas como os aterros, a sujeira das cidades, o esgoto não tratado, a drenagem e os altos índices de desmatamento e emissões de gases poluentes.

`O Brasil é um país com liderança na área ambiental e também é reconhecido como uma grande potência de biodiversidade mundial, então o Brasil tomou a decisão de que essa vai ser uma agenda forte na Copa. Isso é uma prioridade`, disse à Reuters Claudio Langone, coordenador da câmara temática do meio ambiente e sustentabilidade, uma das nove criadas para a Copa do Mundo de 2014, ligada ao Ministério Esporte.

Desde a Mundial da Alemanha em 2006 a Fifa recomenda que os países-sede tenham uma preocupação ambiental na preparação das competições, e o Brasil pretende fazer uma Copa `verde`, como anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em julho, no lançamento do emblema oficial de 2014.

`O Brasil quer fazer uma Copa mais marcada pela sustentabilidade do que as duas anteriores`, explicou Langone.

A câmara temática do meio ambiente e sustentabilidade pretende equacionar os licenciamentos da infraestrutura necessária para a Copa, busca uma estratégia para alavancar a produção e distribuição de produtos orgânicos e sustentáveis até 2014 e planeja estruturar cerca de 40 parques --muitos deles deteriorados atualmente-- para receber visitação no período da competição.

Como essas iniciativas são nacionais, a realização delas depende dos governos estaduais e municipais, e questões políticas podem ser envolvidas e impedir que as ações se desenvolvam por completo.

Para João Alberto Viol, presidente do Sinaenco, o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, o Brasil conseguirá cumprir parte do objetivo.

`Acho que vai ser mais uma missão feita mais ou menos, ao nosso estilo. Para fazer uma Copa verde nós temos que pensar no conceito da sustentabilidade: o equilíbrio do homem com o meio ambiente. E para isso, todas as soluções têm que ser pensadas sob esse aspecto: a obra, o local, o equilíbrio dela com o entorno`, disse Viol.

`Nós conseguiremos fazer alguns projetos com inovações, que venham de encontro à sustentabilidade, mas isso não está num plano global, em que todas as soluções foram discutidas e colocadas.`

Ele citou ainda problemas como os resíduos sólidos, os aterros, a sujeira das cidades, o esgoto não tratado e a drenagem como `pontos que afetam a visibilidade da Copa, mas não impedem a sua realização`.

O coordenador da câmara do meio ambiente e sustentabilidade disse que todos os estádios que usarão recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terão que ter um certificado com selos reconhecidos internacionalmente. O mesmo acontecerá para os hotéis.



Por enquanto, nove dos 12 estádios da Copa entraram em contato com o banco. Porém, as obras estão atrasadas, o que despertou a preocupação da Fifa.

`Os estádios que usarão dinheiro privado não estão obrigados a fazer (a certificação), mas há uma diretriz de que eles também façam. A tendência é que todos tenham.`

Ter um estádio `certificado` significa que ele obedece a uma série de exigências ambientais, conforme explicou o arquiteto Sergio Coelho, responsável pela construção do estádio de Cuiabá.

`Toda a especificação do projeto (de Cuiabá) leva em conta a eficiência energética, a reciclagem, o uso de madeira certificada, é uma lista bastante grande de itens que tem a ver com a questão ambiental`, declarou.

`Não é razoável você usar rede pública de água, então estamos fazendo no nosso projeto bastante reuso da água, seja água de chuva, a água de cobertura é toda captada, e a água de irrigação do gramado também faz parte desse sistema.`

A construção da Fonte Nova, em Salvador, utilizará um processo de reciclagem dos resíduos do antigo estádio, demolido no domingo. O entulho é fragmentado em pedaços ainda menores, separado do metal e da madeira, tornando-se um tipo de material apropriado para reaproveitamento em serviços de terraplanagem e pavimentação, informou a construtora responsável pelas obras.

O arquiteto Marc Duwe, que trabalha para a empresa que projeta a reconstrução da Fonte Nova, destaca `o reuso da água, o sistema da cobertura que usa menos aço e a ventilação natural` como fatores importantes do projeto.

Fonte: Tratamento de água

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