A pesquisa `Benefícios econômicos da expansão do saneamento básico`, lançada pelo Instituto Trata Brasil e a FGV (Fundação Getúlio Vargas), revela que a implantação da rede de esgoto reflete positivamente na qualidade de vida do trabalhador gerando o aumento da sua produtividade e da renda, além de contribuir para a valorização dos imóveis. Segundo a pesquisa, apesar dos investimentos feitos no setor, apenas 43,5% dos brasileiros são atendidos pela rede de esgoto.
`A evolução do setor é inquestionável, mas o déficit continua. Os investimentos precisam se crescentes para reduzir o número de brasileiros que ainda não tem acesso ao saneamento básico`, esclarece o presidente do Trata Brasil, André Castro.
A pesquisa revela ainda que, por ano, 217 mil trabalhadores precisaram se afastar de suas atividades devido a problemas gastrointestinais ligados a falta de saneamento. A cada afastamento perde-se 17 horas de trabalho em média. A probabilidade de uma pessoa com acesso a rede de esgoto faltar as suas atividades por diarréia é 19,2% menor que uma pessoa que não tem acesso à rede. Considerando o valor médio da hora de trabalho no País de R$ 5,70 e apenas os afastamentos provocados apenas pela falta de saneamento básico, os custos chegam a R$ 238 milhões por ano em horas-pagas e não trabalhadas.
Por outro lado, ao ter acesso à rede de esgoto, um trabalhador aumenta sua produtividade em 13,3% permitindo assim o crescimento de sua renda na mesma proporção. A estimativa é que a massa de salários, que hoje gira em torno de R$ 1,1 trilhão, se eleve em 3,8%, provocando um aumento na renda de R$ 41,5 bilhões por ano.
Efeito imobiliário
A universalização do acesso à rede de esgoto pode ainda proporcionar uma valorização média de até 18% no valor dos imóveis. `Contudo, essa valorização não será sentida igualitariamente por todos os proprietários de imóveis`, fala Garcia. O trabalho adianta que os avanços na qualificação do espaço urbano provocados pelos investimentos em infraestrutura implicam a valorização dos imóveis principalmente nos pertencentes às famílias de menor rendimento, cuja moradia é quase que exclusivamente o único patrimônio.
A pesquisa estima que a valorização dos imóveis alcançará R$ 74 bilhões, valor 49% maior que o custo das obras de saneamento avaliado em R$ 49,8 bilhões. Essa valorização terá efeitos diferenciados em cada estado da Federação. Os estados com maior deficiência são os que teriam o maior volume de ganhos.
Além disso, uma parte do valor investido em saneamento retornará aos cofres públicos na forma de impostos - Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Transferência de Bens Imóveis (ITBI). Em longo prazo, o acesso à rede de esgoto implicaria um aumento na arrecadação do IPTU na mesma proporção do valor médio dos imóveis, um ganho estimado de R$ 385 milhões ao ano. O crescimento esperado do ITBI será superior a R$ 80 milhões por ano.
Saúde
O estudo também apurou que em 2009, de acordo com o DATASUS, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrointestinais, 2.101 faleceram no hospital. Cada internação custa, em média, R$ 350,00. `Com a universalização do acesso a rede de esgoto teríamos uma economia de R$ 745 milhões em internações ao longo dos anos. Com o acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e de 65% na mortalidade, ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.`, afirma Fernando Garcia, coordenador da pesquisa da FGV. Com informações da assessoria.
Fonte:Observatório Eco
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