Mesmo concordando nos princípios básicos, os coordenadores das campanhas dos três principais candidatos à presidência da Repúblifca - Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) - não chegaram a um consenso sobre como resolver o problema do saneamento básico no Brasil, durante debate realizado em São Paulo nesta segunda-feira. Enquanto a campanha verde, representada por João Paulo Capobianco, defende que o problema seja encarado como uma questão de saúde pública, a coordenação petista, defendida pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), alia a solução às políticas de infraestrutura, e a campanha tucana, delegada ao ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo Xico Graziano, diz que o tema deve ser pensado dentro de um programa de política ambiental.
No momento mais acirrado do debate, as principais divergências ficaram caracterizadas na discussão sobre o programa Minha Casa, Minha Vida. Para o verde Capobianco, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva erra ao promover um programa de crédito para a construção de moradias sem antes regularizar a situação de clandestinidade da maioria das habitações no país.
- O Minha Casa, Minha Vida tem que ter um critério ambiental, tem que fiscalizar as áreas de risco, as áreas de mananciais. Não pode ser feito com irresponsabilidade, como tem sido feito - criticou.
José Eduardo Cardozo, um dos coordenadores da campanha de Dilma, admitiu que a maior parte das moradias no país estão em situação irregular, mas afirmou que o governo não pode suspender a concessão de crédito até que a situação se regularize, já que isso seria a punção da população de baixa renda que mora em áreas problemáticas.
- A maior parte das moradias do país é clandestina. O saneamento é o maior problema que o Minha Casa, Minha Vida enfrenta, mas não podemos retirar esse crédito. O que nós temos que fazer é combater com rigor a ocupação irregular. A situação é grave. Eu não posso inibir políticas sociais nesse ponto.
Para o tucano Graziano, o próximo governo deve priorizar a criação de um plano nacional de saneamento para solucionar o problema, e dobrar o investimento na área, que hoje é R$ 5 bilhões, aproximadamente. Ironicamente, no entanto, ele se recusou a falar sobre as propostas de Serra para o saneamento do país, para que o PT `não copiasse`. Ele concordou com as críticas de Capobianco ao programa habitacional do governo, disse que é preciso melhorá-lo, mas negou a suspensão do projeto.
- Nós vamos fazer muito mais moradias que esse governo fez. Mas vamos fazer conjuntos habitacionais com a agenda sustentável.
No entanto, José Eduardo Cardozo, Xico Graziano e João Paulo Capobianco concordaram que problemas de saneamento do Minha Casa, Minha Vida dependem, para ter solução definitiva, da interação entre os governos federal, estaduais e municipais. Os três concordaram que se cada esfera de poder cuidar do que é sua obrigação os problemas são solucionados.
Conforme dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil, entidade que promoveu o debate com os coordenadores das três principais candidaturas a presidente, apenas 50,6% da população que vive em áreas urbanas no país tem acesso a rede de esgoto e somente 34,6% do volume de esgoto coletado no Brasil recebe tratamento. Os dados deste ano mostram ainda que 217 mil empregados precisam se afastar do trabalho por ano para se tratar de problemas gastrointestinais provocados pela falta de saneamento, e cada afastamento significa a perda de 17 horas de trabalho.
Outro dado significativo do Trata Brasil, conforme estudo da OMS/Unicef, mostra que o Brasil é o nono colocado no `ranking mundial da vergonha` dos países cuja população não tem acesso ao banheiro. São 13 milhões de brasileiros sem banheiro em casa.
Fonte:O Globo
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