quinta-feira, 21 de março de 2013

Prejuízo no faturamento: Brasil perde 37,5% da água potável

SÃO PAULO – O Brasil perde 37,5% do faturamento de toda a água produzida pelas empresas de abastecimento do país, revelou um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta terça-feira. A pesquisa aponta que uma simples redução em 10% desse patamar (3,7 pontos percentuais) acarretaria em um ganho de R$ 1,3 bilhão ao ano. Os vazamentos representam a maior parte dessas perdas, mas o estudo contabiliza também a falta de medição, os chamados “gatos” (roubo de água) e o consumo não cobrado pelas distribuidoras. Se o país conseguisse baixar o índice de perdas para 20%, haveria um acréscimo de 50% no faturamento anual do setor, estimado em R$ 20 milhões.


— O nível de perdas brasileiro é muito alto. Mais de um terço de toda a água produzida é desperdiçada, o que representa uma perda financeira grande— afirma o coordenador do Núcleo de Apoio á Pesquisa em Economia de Baixo Carbono da USP, Rudinei Toneto Júnior, que conduziu o estudo.

As regiões que mais registram perdas são o Norte e o Nordeste, exatamente as mais críticas no acesso a redes de água e esgoto do país. Elas apresentam perdas de 51,5% e 44,9% no faturamento anual, respectivamente. No ranking dos estados, o Amapá tem o maior registro de perda, 74,6%, seguido por Alagoas (65,8%), Roraima (64,2%), Maranhão (63,9%) e Acre (62,7%). No Rio, a perda de água fica acima da média nacional, chegando a 46,9% do faturamento. Em São Paulo, o índice é de 32,5%. O estado que desperdiça menos é o Mato Grosso do Sul, com uma perda de 19,5%.

Apesar de precisar de investimentos para ampliação da rede, Macapá (AP) aponta a maior perda no faturamento, 73%, entre as cem maiores cidades do país. O Rio, que também carece de ampliação na distribuição de água, tem uma perda de 50,9%. São Paulo tem uma perda menor, de 30%, mas está na lista das cidades que requerem novos mananciais para abastecimento. No ranking dessas cidades, a pior situação é a de Mogi das Cruzes (SP), com perda de 62,4% no faturamento.

O Instituto Trata Brasil relacionou esse índice de perdas à necessidade de investimentos e ao desempenho financeiro nos estados e nos cem maiores municípios do país.

— Quanto maior o número de perdas, menor o desempenho financeiro— afirma Toneto Júnior, explicando que a situação se agrava porque apenas um terço dos cem maiores municípios tem uma rede de abastecimento satisfatória.

Segundo o presidente do Instituto Trata Brasil, o químico Édson Carlos, os países mais desenvolvidos registram perdas de 10%. Ele explicou que não é possível, com os dados disponíveis no Brasil, medir essa perda em litros de água desperdiçados.

— A maior parte (da perda) é em vazamentos, na perda física de água— afirmou Carlos, que complementou:— Os governantes têm de perceber que mais importante que brigar pela água, por qual governo fica com a água, é colocar a eficiência no transporte e na distribuição de água como prioridade número um.

Fonte: O Globo

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