quarta-feira, 11 de abril de 2012

A reconstrução do saneamento.


Em fins de 1994 o Congresso votou a Lei Nacional do Saneamento. Preenchia um vácuo que se criou com o fim do Planasa – o sistema centralizado de saneamento criado no regime militar com bons resultados. O projeto foi à sanção presidencial no início de 1995, governo Fernando Henrique Cardoso.
Havia alguns pontos a se corrigir na lei aprovada pelo Congresso. O correto seria o governo corrigir exageros e editar uma Medida Provisória que preservasse o essencial.
Ocorre que FHC estava mergulhado em um projeto de privatização e pretendia dar ao saneamento o mesmo tratamento que seria dado ao setor elétrico e de telecomunicação – sem entender suas peculiaridades.
Com os estados sufocados pela crise fiscal, a ideia foi colocar as estaduais elétricas e de saneamento como moeda de troca: o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) emprestaria aos estados, tendo as estatais como garantia, e depois as privatizaria. Foi um desastre para muitos estados que resolveram momentaneamente seus problemas de caixa e, mais adiante, voltaram a enfrentar crises fiscais pesadas sem dispor mais dos ativos das suas estatais.
Para o saneamento foi um desastre. Com a lei sendo totalmente vetada, houve a necessidade de uma nova lei com todas as tramitações de praxe. Apenas em 2007 a lei foi aprovada e o setor passou a contar com um novo marco legal, capaz de permitir a retomada das obras.
Pouco depois, através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) recursos passaram a ser disponibilizados para o setor, seja através do OGU (Orçamento Geral da União) ou de financiamentos através da Caixa Econômica Federal e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico s Social).
Ao mesmo tempo, ocorreu uma espécie de pacto interno no setor, aplainando as divergências existentes, entre estatizantes e privativistas e entre municipalistas e estadualistas.
Desde então, caminhou-se um pouco, mas ainda em ritmo insuficiente para atender às necessidades de um país em que 55% da população não possui coleta de esgoto e, do coletado, apenas 1/3 é tratado.
Hoje em dia o esgoto é o maior fator de poluição dos rios brasileiros. Com as enchentes cada vez mais frequentes nas regiões metropolitanas, tornou-se um fator pesado de transmissão de doenças.
Fonte: Carta Capital

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