Na Paraíba, apenas 20,2% das residências têm acesso à rede de esgoto, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletados em 2008 e divulgados no ano passado. Entre as consequências, os problemas de saúde aparecem como os de maior destaque. João Pessoa, por exemplo, ocupa a oitava colocação no ranking dos municípios brasileiros com maiores taxas de internação por diarréia, de acordo com o estudo "Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População" do Instituto Trata Brasil, realizado em 2008. A situação de Campina Grande é ainda mais grave. A cidade figura em sexto lugar na lista.
As diarréias são a causa de mais de 50% das doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado, sendo responsáveis por mais da metade dos gastos com esse tipo de doença. O estudo confirma ainda a associação entre saneamento básico precário, pobreza e índices de internação por diarréias. Na comunidade da Citex, no Ernesto Geisel, em João Pessoa, a filha da dona de casa Antônia Célia Pinheiro, 38, teve febre na manhã de ontem. "Moro aqui há 9 anos e é comum as crianças terem diarreia e vômitos porque têm contato direto com os esgotos", constatou. Para Roseane do Nascimento, 31, que vive há 15 anos no local, a falta de saneamento é a causa desse tipo de transtorno. "Quando chove, a situação fica pior, porque a água se mistura com o esgoto. É um mau cheiro insuportável", relatou. O esgoto escorre pela rua, onde as crianças brincam e ficam expostos aos riscos de doenças.
No Brasil, tendo como base dados de 2008 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 56% dos domicílios brasileiros não contam com rede de esgoto, o que corresponde a 32 milhões de residências. A região Norte vive em situação mais crítica, com 96,2% das unidades sem acesso à rede de esgotos. Na região Nordeste, o índice é de 77,6%. No Sul, 68,8% de domicílios não contam com esgoto. Na região Sudeste, 31,2% dos domicílios vivem o drama de não ter as ligações.
Foi constatado na pesquisa que 28,5% dos municípios brasileiros fazem o tratamento dos esgotos. No Nordeste e Norte, só 7,6% dos municípios realizam a ação. Por outro lado, o Sudeste, aparece com 48,4% dos municípios com tratamento de esgoto; o Centro-Oeste com 25,3% e o Sul com 42,9%. No Brasil, o percentual do esgoto coletado e tratado subiu de 19,9%, em 1989 para 68,8% em 2008. O mesmo estudo aponta que dos 33 municípios sem rede de água em 2008, 21 são da região Nordeste. Na Paraíba, são 11 municípios nesta situação; no Piauí, 5; na região Norte, 7, sendo 4 no estado de Rondônia.
Fonte: Jornal o Norte
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