terça-feira, 10 de agosto de 2010

Tigre faz planos de produzir na África e quer dobrar vendas

A Tigre está de malas prontas. Após comprar a fábrica de policloreto de vinila (PVC) da equatoriana Israriego há cerca de dez dias, a fabricante brasileira de tubos e conexões está mapeando novos mercados.

Evaldo Dreher, presidente da companhia, adianta que os países africanos estão na mira: `Lá, a infraestrutura está toda por ser feita`. Confira abaixo a entrevista concedida ao Brasil Econômico.

Brasil Econômico - Quais são os próximos passos?

Evaldo Dreher - Nós já sabemos o que esperamos para os próximos cinco ou seis anos, mas prefiro não falar agora. O que posso dizer é que o nosso crescimento está acima do esperado. No primeiro semestre, tivemos um acréscimo de 29% na produção em relação ao mesmo período do ano anterior.

É claro que no primeiro semestre de 2009 a crise ainda era uma realidade, mas é por isso mesmo que, para este ano, esperamos crescer 15% no faturamento.

Para o futuro, estamos de olho em todas as possibilidades. Queremos dobrar o nosso faturamento até 2014. No ano passado, a nossa receita bateu a casa dos R$ 2,3 bilhões, sendo que 25% desse montante veio do mercado externo.

As nossas exportações entram nesse total, mas neste ano estão pouco significativas por causa do câmbio e da demanda, que caiu devido à crise.

Olhar todas as oportunidades significa produzir em mercados onde a empresa ainda não está?

Sim. Um exemplo são os países africanos, que têm muito potencial. Lá, a infraestrutura ainda está toda por ser feita.

Diferentemente da Europa, que é um mercado que já olhamos diversas vezes e que, neste momento, não vale a pena, porque ainda não se recuperou da crise.

A aquisição no Equador absorverá parte dos investimentos previstos para este ano. Os R$ 200 milhões podem incluir outras compras?

Não. Se comprarmos unidades, serão fora dos R$ 200 milhões.

A companhia tem fábricas em quais países?

Estamos hoje na Colômbia, no Equador, Peru, Bolívia, Chile, na Argentina, no Uruguai, Paraguai e nos Estados Unidos.

Só não estamos na Venezuela, porque o quadro político não é propício no momento, mesmo sendo um mercado interessante por causa da Braskem - que está envolvida em um projeto local de petroquímica - e do programa habitacional, como o do Brasil.

E o México (casa da concorrente Mexichem, dona da Amanco)?

Para entrar no México precisa ser via aquisição. Já fizemos várias tentativas, mas até hoje nada. Apesar de ter grande volume e sabermos que precisamos entrar nesse mercado, a economia mexicana ainda está sofrendo muito com a crise econômica.

Estamos falando em novas fábricas e aquisições, mas e a Tigre? A empresa tem sido sondada por outros grupos?

Todos os meses somos procurados por grupos querendo comprar a Tigre. Mas até agora nada.

A Tigre já teve capital aberto. Existe a possibilidade de fazer nova oferta de ações na bolsa?

A Tigre era empresa uma empresa de capital aberto, mas acabou fazendo uma oferta pública, comprou a participação dos minoritários e fechou o capital. Na época, foi uma oportunidade boa para todos os lados. É sempre uma possibilidade fazer uma nova oferta. Pode ser que volte a acontecer. Mas, até agora, não precisamos de volume de capital.

Como o senhor avalia o atual momento da construção civil no Brasil?

A construção civil é a grande geradora de empregos do país. O Produto Interno Bruto (PIB) da construção sempre cresce acima do PIB brasileiro. E os programas do governo, aliados à melhor distribuição de renda e à ampliação do financiamento, têm impulsionado ainda mais o setor.

Quem são os principais clientes da Tigre?

Em nosso ramo, o encanador é como o médico. Ele diagnostica o problema na casa do consumidor e indica os produtos a ser usados. Mas temos muito relacionamento com as construtoras.

Sempre que vamos lançar um produto, mandamos e-mail sobre as vantagens dos itens.

No nosso portfólio temos hoje 15 mil produtos voltados para condução de água e energia, para portas e janelas, e ainda itens sanitários, como tampa de vaso, porta-papel... Tudo feito com termoplásticos. Lançamos 700 produtos por ano.

Como se dividem as operações da Tigre?

A área predial e de irrigação representa 70% do nosso portfólio. Desse total, a autoconstrução responde por 70% e as construtoras por 30%. Já o restante do faturamento vem de clientes de infraestrutura e saneamento. Com a aproximação da Copa do Mundo e da Olimpíada, é possível que haja alguma mudança nesse quadro, por causa das obras em aeroportos, estádios, hotéis.

Além disso, estamos no meio do período eleitoral, que historicamente fomenta o número de obras de infraestrutura. O Brasil ainda perde de 35% a 40% de água tratada na hora da distribuição. Isso ocorre por causa das famosas gambiarras e de tubulações antigas cuja estanqueidade já não está boa. A saída é a troca por produtos mais novos e maior fiscalização.

Qual é a produção anual? Haverá ampliações?

Encerramos 2009 com mais de 300 mil toneladas de itens. Isso significa um volume enorme. E temos estratégia de investimentos no Brasil e fora.

Todas as nossas fábricas permitem expansões, porque temos terrenos próximos a elas. Neste ano, estamos alocando R$ 200 milhões em inovação, novos produtos e novas unidades.

Para a Tigre, quem deveria ganhar as eleições presidenciais?

O candidato que fizer o Brasil crescer mais é o nosso candidato. Os programas são muito parecidos. Então, se cumprirem o que estão prometendo, aplicarem bem os recursos e controlarem juros e despesas, para a gente está ótimo.

Acredito que o Minha Casa, Minha Vida vai continuar, independentemente de quem ganhe. E a Copa e a Olimpíada farão muito bem ao país, porque terão data para começar e para terminar.

Além disso, teremos fiscais neutros e rígidos do mundo inteiro à espreita. Será a hora de o Brasil mostrar do que é capaz


Fonte:Brasil Econômico (SP)

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