Os coordenadores de campanha dos candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), participaram ontem de um debate promovido pelo Instituto Trata Brasil no qual apresentaram os projetos para a área de saneamento básico. Em comum, os três apostam na desoneração dos projetos de desenvolvimento para a área. `A desoneração dos investimentos é fundamental e precisa ser aperfeiçoada`, declarou o representante da candidata do PT, José Eduardo Cardozo.
Xico Graziano, representante da campanha de Serra, é partidário da melhora da gestão do sistema. `É preciso melhorar a gestão do saneamento básico e você só consegue fazer isso se melhorar a gestão das empresas estaduais e municipais para o saneamento`, declarou. Ele defendeu ainda dobrar os investimentos para a área e disse que a próxima década deverá ser `a década do saneamento básico no Brasil`.
João Paulo Capobianco, coordenador da campanha de Marina Silva, lembrou que menos da metade da população do País tem acesso a rede de esgoto. Ele criticou a maneira como a União trata a questão do saneamento, com o foco apenas em grandes obras, sugerindo uma ação que inclua todos os entes federativos, e que se contemplem soluções alternativas. `Do nosso ponto de vista o saneamento faz parte da estrutura de gestão da saúde pública`, disse.
Capobianco criticou a disputa entre os candidatos Serra e Dilma e afirmou que hoje predomina na cena política uma visão equivocada de governo, de um Estado `empreendedor ao extremo`. No lugar desta postura, o Estado deveria ter um papel de `indutor` de políticas públicas. `O presidente da República não é um gerente, é um líder`, declarou. O representante da candidata verde também criticou o programa `Minha Casa, Minha Vida`, o qual chamou de `bolsa-puxadinho` por considerar que estimula a construção em regiões de ocupação irregular, como as áreas de mananciais.
O Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC) foi alvo de críticas dos representantes das candidaturas do PSDB e do PV. Graziano afirmou que o PAC do Saneamento `é bonito, mas não sai do papel`, acrescentando que de 101 projetos apenas três haviam sido concluídos.
Capobianco criticou o modelo de grandes obras e a visão `crescimentista` do programa. Cardozo rebateu as críticas de Capobianco, defendendo a realização de grandes obras de infraestrutura que governos municipais e estaduais não teriam condições de executar sozinhos.
O coordenador petista disse que nos últimos anos o governo federal priorizou a estrutura administrativa, a criação de um marco regulatório para a área do saneamento básico e a criação do Ministério das Cidades como forma de pensar, dentro do aparelho de Estado, a articulação de todos os agentes federativos.
O petista defendeu o PAC, afirmando que grandes obras são indispensáveis, que vários projetos saíram do papel efetivamente e que os investimentos em saneamento do Governo Lula foram superiores aos realizados pelo governo do antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Cardozo mencionou a necessidade de aprofundar relações com municípios e estados e de desonerar os investimentos no saneamento. Sobre essa última proposta, Graziano disse: `Já falamos que vamos desonerar os investimentos em saneamento e eles [PT] copiaram`.
Pesquisa
Cardozo avaliou ontem que os resultados das últimas pesquisas de intenção de voto -Vox Populi e Datafolha- foram excelentes para a ex-ministra. Na Vox Populi, divulgada na última sexta-feira, Dilma está com 41%, oito pontos à frente de seu principal adversário, José Serra (PSDB). Na pesquisa Datafolha, divulgada no sábado, Dilma e Serra estão em empate técnico, respectivamente com 36% e 37% das intenções de voto.
`São dois institutos de pesquisa com credibilidade. Há uma discrepância muito grande e seguramente alguém está errado. Mas mesmo a pesquisa que menos nos favorece, do ponto de vista do resultado, é excelente para nós`, disse.
De acordo com Cardozo, um dos melhores indicadores das pesquisas é a votação espontânea, na qual os nomes dos candidatos não são apresentados ao eleitor. Nesse tipo de levantamento, Dilma está à frente de Serra com 21% enquanto o tucano aparece com 16% na última pesquisa Datafolha. `A votação espontânea é um indicador de crescimento futuro e Dilma está bem na frente de Serra. Temos também um percentual dos que ainda votariam em Lula (4%) e uma parcela de pessoas que dizem que votariam no candidato do presidente seja ele qual for - e que não estão computados como votos da Dilma`, explicou.
Coordenadores de campanha de Serra, Dilma e Marina participaram de debate sobre saneamento ontem em São Paulo e foram unânimes na defesa da desoneração do setor. PAC foi alvo de opositores da petista.
Fonte:DCI Online
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